O curso de Comunicação Social da
Universidade Federal de Alagoas está passando por problemáticas em relação à
falta de professores oriundos de outras unidades acadêmicas. Com mais de um mês
do início do segundo semestre, os/as professores ainda não estão disponíveis.
Fora outras dificuldades que o curso tem, agora os/as estudantes precisam levar
mais essa adversidade.
O retrocesso estrutural é visível para
qualquer estudante que queira se desprender da cegueira academicista e queira
enxergar além das paredes da sala de aula. Mas há quem sinta as correntes que o
prende e se movimente (tentando trazer um pouco de Rosa Luxemburgo), muitos
estudantes não ousaram e nem ousam desfalecer, eles resistem. Mesmo com
estrutura inadequada, sem laboratórios e equipamentos de qualidade, sem mais
salas de aula, com falta de professores e a lista é imensa, os/as estudantes se
esforçam para fazer com que sua passagem pela Universidade e pelo curso de
Comunicação Social possa valer as duras penas diárias. Entram em grupo de pesquisa,
de extensão, monitoram, produzem artigos e trabalhos acadêmicos premiados e
reconhecidos.
Hoje o curso de Comunicação Social da
UFAL possui 678 estudantes e 28 docentes, são 24 estudantes para um professor.
Esse número de professores não é o suficiente para cobrir o quadro de
disciplinas e eletivas, portanto o curso precisa entrar no sistema de oferta
acadêmica e solicitar professores de outras unidades acadêmicas, é onde um dos
problemas surge.
No período atual, 2014.2, os/as
estudantes estão sofrendo com a falta de professores desde o início das aulas.
As disciplinas? Português 1, português para a comunicação 1 e libras, francês
instrumental, inglês instrumental, economia, sociologia da comunicação. Esse
cenário implica em alguns problemas, por exemplo, geralmente quando os
professores chegam “atrasados” para ofertar a disciplina, acabam passando por
cima de assuntos e dando o conteúdo pela metade, colocando à disposição dos/as
estudantes um conteúdo rasteiro e sem o aprofundamento que deveria ser inerente
às disciplinas. E se o professor não aparecer? Então o boletim do estudante
será afetado, seu coeficiente será afetado e ele/a ainda terá que repor a
disciplina em outro momento, o que irá atrapalhar o andamento do seu ensino.
Na última quinta-feira (04.08), a
pró-reitoria estudantil (Prograd) se reuniu com os coordenadores das unidades
acadêmicas que estavam com dificuldades para a oferta das disciplinas em alguns
cursos, inclusive o de Comunicação. O Diretório Acadêmico Freitas Neto - DAFN esteve
presente nessa reunião.
O eixo principal foi tentar encontrar
alternativas para se conseguir ofertar as disciplinas que estão sem professores
na UFAL. E eles pensaram em alternativas: professores voluntários, participação
de estágio docente, educação à distância - EAD, os próprios professores do Cos
tentarem ofertar as disciplinas que estão com lacunas, português para a
comunicação por exemplo. O que não voga, porque os professores não são formados
em letras e nem possuem especialização nessa área.
Analisando essas alternativas com
calma, encontramos aí problemáticas nem sempre visíveis. A todo o momento na
reunião foi pensado a alternativa de educação à distância - Sistema EAD,
submetendo a grandiosidade de uma graduação, com professores dentro da sala de
aula fomentando conhecimento, discussões, acompanhamento exclusivo e
intensificação das relações interpessoais - tão importante em nosso curso. Que
fique claro para os/as estudantes: essa alternativa não apareceu somente para
cobrir os danos que a falta de professores esteja causando agora, mas para,
além disso, quem sabe um novo modelo de educação para as graduações. Será que é
invenção da nossa cabeça dizer que estão querendo transformar o curso de
Comunicação Social da UFAL em um curso técnico? Mais preocupante foi o momento
em que a proposta de extinguir as disciplinas teóricas de português em
substituição de uma disciplina de “redação técnica” surgiu, acreditamos que não
existe a possibilidade de balançar a cabeça positivamente quando outrem deseja
a implementação do tecnicismo em nossa formação, em vez de nos formamos também
teoricamente, como agentes sociais e transformadores.
E essa despreocupação com a qualidade
de formação dos/as estudantes surge de onde? A raiz aparece no próprio modelo
de educação que temos no Brasil, a rede de ensino pública cambaleando, quase
sem respirar, com fechamento e abandono de escolas; De outro lado, redes
particulares em profunda ascensão, mas que não resolvem as deficiências da
educação e ainda aumenta o nível de exclusão social. Nesse cenário, existem
mecanismos de “pão e circo” promovidos pelo Governo Federal que tentam manobrar
as deficiências que temos na educação. Se tratando da Universidade Pública, o
Programa de Apoio a Planos de Estruturação e Expansão das Universidades
Federais - REUNI, implementado em 2007 na Universidade Federal de Alagoas, que
tem o objetivo de expandir as redes de ensino públicas (seja com novas
estruturas ou interiorização da oferta pública) e garantia da permanência de
estudantes através de verbas destinadas pelo REUNI. A falsa ideia de que
números significam qualidade.
O plano parece incrível, mas cadê as
salas de aulas que integrem todos/as os estudantes do Cos? Cadê os laboratórios
equipados? Cadê o laboratório de telejornalismo? Cadê a sala de multimeios?
Cadê a rádio do curso? Afinal, cadê o novo bloco de Comunicação Social? E
agora, cadê os professores?
São por essas razões que fazemos um
chamado para todos/as os/as estudantes de Comunicação Social para nos
mobilizarmos e cobrarmos o que é nosso por direito. Não podemos naturalizar a
precarização do nosso curso e muito menos a falta de professores/as, o DAFN não
pode caminhar sozinho, precisamos do apoio de todos e de todas para que
possamos pensar em ações e estratégias de mobilização.
“O que nos é imposto, por nós será deposto”.
Diretório Acadêmico Freitas Neto - DAFN
Gestão: "Em frente: mais vale o que será!"
Curso de Comunicação Social com as habilitações de Jornalismo e Relações
Públicas da Universidade Federal de Alagoas - UFAL