Em nome do Coletivo Enecos Alagoas, a Comissão Organizadora do Enecom 2014, propõe o debate em que possamos refletir sobre a raiz do problema. Pensar o ciclo vicioso resultante do atual modelo de sociedade que coloca a formação superior como uma ferramenta de manutenção dos padrões capitalistas e pensar como essa lógica inserida nos cursos de Comunicação Social (seja pela estrutura dos currículos, do modelo de estágio, do caráter da pesquisa e da extensão ou da ausência de espaços de prática estudantil nas suas diversas habilitações) serve como um instrumento de reprodução dos próprios vícios capitalistas na mídia.
Fazemos o convite aos/às estudantes de Comunicação Social de todo o país: refletir sobre o modelo de formação e de comunicação que temos hoje e que todos/as possam somar-se na luta por uma educação pública, gratuita, de qualidade, socialmente referenciada e por uma comunicação livre e transformadora!
1) EDUCAÇÃO ÀS AVESSAS
Discutir educação e não contextualizá-la socialmente reflete um erro que a Enecos não quer cometer. Se pretendemos compreendê-la, não somente, e também mudá-la. Logo, precisamos saber qual sua função atualmente numa sociedade regida na divisão de classes, a sociedade capitalista.
A educação, como fundamental ferramenta de produção de conhecimento cientifico, também está fortemente aliada a um caráter ideológico. A sociedade dividida em classes nos mostra que a desigualdade também determina os moldes educacionais e fortalece o poder da classe dominante, ou seja, parte da lógica em que a classe dominante se apropria da riqueza produzida pela classe trabalhadora, explorando o homem e a mulher. Dessa forma, a necessidade da dominação do ensino a favor da lógica do capital para reproduzir e manter os valores de um sistema explorador.
Atualmente, temos fatores que comprovam que o modelo educacional não consegue atender aos interesses da sociedade. O acesso ínfimo ao ensino, por processos que afunilam nossas chances de entrar na universidade; a precarização estrutural das salas de aula reflete sucateamento do público em detrimento das iniciativas privadas e a exploração da categoria docente com cargas horárias exaustivas. Afinal, por exemplos como esses que nos perguntamos, para que(m) serve a educação?
Devemos buscar uma educação emancipadora, e isso só será possível na luta por uma sociedade livre. Uma educação que atenda ao integral desenvolvimento humano.
2) A FORMAÇÃO QUE TEMOS
Quando falamos sobre qualidade de formação dos comunicadores e das comunicadoras, somos automaticamente obrigados a nos questionar sobre o que é e qual o papel da universidade e o que é idealizado sobre esse espaço.
Teoricamente, pensa-se a universidade como um “berço de novas ideias”, novos rumos e soluções para os conflitos da sociedade. Um lugar onde a sociedade deveria ser repensada.
Isso que dizer que falar sobre qualidade de formação do comunicador e da comunicadora é falar sobre algo mais amplo: é falarmos se temos uma educação que apenas orienta os/as estudantes a reproduzirem um conjunto de conhecimentos ou se ele exige que o sujeite recrie, crie e ponha em cheque o que se carrega como verdade, e se coloca como agente insubistituível no processo de luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
Propomos então uma reflexão sobre as barreiras que enfrentamos no caminho de nossa formação enquanto comunicadores sociais (a formação técnica precarizada, os estágios exploradores, as grades curriculares como projeto de um modelo educacional restrito), sem deslocar essa reflexão de uma análise crítica da raiz do problema que enfrentamos dia após dia nas salas de aula e perceber como essas barreiras contribuem para uma formação cada vez mais tecnicista e distante do caráter social que o nosso curso deve exercer.
3) A COMUNICAÇÃO QUE QUEREMOS
Os meios de comunicação do nosso país não passam de grandes conglomerados empresariais-religiosos, geridos por poucos grupos que controlam a informação do país, com interesses econômicos e políticos que beneficiam a eles mesmos. O controle desses meios de comunicação por poucas pessoas, sem a intervenção da sociedade, consiste em um monopólio midiático, que tem um poder absurdo de disseminar um discurso conservador, hegemônico, não-reeducador.
Os meios de comunicação criminalizam os pobres, os negros e as negras, os homossexuais, as mulheres, para a manutenção das opressões em nossa sociedade. Criminalizam também os movimentos sociais - inclusive o estudantil.
Em Alagoas, a realidade não é diferente. Na terra dos usineiros e coronéis, nossos veículos de comunicação atendem a interesses privados, enquanto o estado é assolado por miséria, violência, analfabetismo, homofobia e tantas outras mazelas.
É preciso repensarmos o modelo atual de Comunicação, e buscarmos o fim do monopólio midiático! Negar o direito de participação do povo na mídia fere a democracia, fere o porquê da existência dos meios de comunicação, que deve ser para e pelo público... Precisamos de uma Comunicação plural, representativa e de luta!
É necessário multiplicar as vozes, revolucionar os métodos de narração para combatermos o discurso das classes dominantes e implantarmos uma comunicação verdadeiramente social!
Convidamos todos/as os/as estudantes de Comunicação Social do país a construírem com a gente o Enecom Alagoas 2014. Levarmos essas propostas de discussão aos quatro cantos do Brasil e do dia 19 ao dia 26 de julho reunirmos na cidade de Maceió uma expressiva representação de futuros comunicadores e comunicadoras que desde já estão repensando o seu papel dentro e fora da universidade.
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