Há exatamente 52 anos, mulheres e crianças, de forma covarde foram fuziladas por saldados na cidade de Shaperville- África do Sul. Motivo da chacina: estes seres humanos- negros e negras- rebelaram-se contra o sistema opressor de segregação sociorracial legitimado pelo estado como apartheid. Reafirmada por descendentes de colonizadores europeus, a prática de fustigação para com a negrada sul-africana pautava-se na limitação destes no que diz respeito ao acesso de bens materiais ou simbólicos na referida região africana.
Devido às diversas moções de repúdio ao sistema de segregação racial aplicada na África do Sul, dando ênfase ao massacre ocorrido na cidade de Shaperville, que a ONU de forma tardia no ano de 1969, nove anos após o fato, instituiu no calendário mundial o dia 21 de março como o dia internacional de combate ao racismo.
Antes de fazer uma reflexão de como se estrutura as variadas práticas do racismo dentro da sociedade brasileira, e, como a população negra é atingida de forma negativa a partir do senso comum da inferiorizarão destes mediante ao homem ou mulher branca, é de suma importância entender que o conceito de raça, compreendido no campo da biologia, surgiu apenas para legitimar a exploração da mão de obra negra no modelo econômico escravocrata. Condição essa que até hoje impacta negativamente nas relações interpessoais em diferentes setores no Brasil.
Mesmo com a população marjoritariamente negra, o Brasil configura-se como um país racista e as expressões dessa opressão são vistas de norte a sul do seu território. Um retrato da intolerância no que diz respeito a diversidade racial é a morte da juventude negra, onde o número de genocídio de jovens negr@s entre 15 a 24 anos é três vezes maior que jovens branc@s na mesma faixa etária, levando o Brasil a ocupar a 6º posição mundial de genocídio de jovens. Os três estados que mais matam jovens negr@s estão no nordeste: Paraíba, Alagoas e Bahia, onde o extermínio de negr@s chega a ser 200% maior em relação aos jovens branc@s.
O racismo na comunicação
Os meios de comunicação também estão no conjunto dos que mais contribuem para a manutenção do racismo na sociedade. Dia após dia nos deparamos com veiculações que marginalizam a população negra, colocando-a em um papel de inferioridade. Prova disso são os programas policiais, que já viraram regra em cada uma de nossas cidades, onde maior parte da população retratada neles é a negra, jogando no lixo o direito humano, que vai da preservação da imagem e privacidade que a negra e o negro pobre não tem a opção de escolher desde a banalização do ser ''povo e popular'', que tem se confundido bastante na mídia atual, principalmente nos meios de comunicação de massa, que nitidamente retrata em sua maioria a população negra e pobre das periferias.
Somado a isso, há ainda a linha tênue de se retratar o povo negro sem cair em esteriótipos. O que vemos hoje é que ele vem muitas vezes como o sujo, ''bom de cama'' ou o pobre que trabalha para o rico branco. Depois do filme ''Cidade de Deus'', por exemplo, foi constatado que a população negra do local teve bastante dificuldade de conseguir emprego quando se dizia morador da comunidade e que a marginalização da juventude, inspirada no filme, aumentou consideravelmente.
Nossa luta é pela igualdade de represetação de brancos e negros na mídia, bem como pelo verdadeiro resgate de nossa história, como povo que foi explorado e discriminado e que ainda hoje sofre na pele as consequências de ser da raça que sua cor não nega.
21 de abril de 2012,
Coletivo Nacional de Negr@s da Enecos
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